domingo, 23 de novembro de 2014

RELATO DA REUNIÃO DA REDE DE 18/11/2014

VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS
E ADOLESCENTES: SINAIS E INDICADORES
Palestrante: Mestre e Doutorando em Psicologia Social  Jean Von Hohendorff
(com a participação especial da Psicóloga da EESCA – Partenon Ana Carolina Svirski)

Psicólogo Jean Von Hohendorff

CONCEITO DE VIOLÊNCIA SEXUAL

O que é violência sexual (VS)?

Definição está relacionada às ações de prevenção e intervenção
Modo como se compreende algo determina como se reage a isto
(Hunter, 1990)
Consiste no envolvimento de uma criança ou adolescente em atividade sexual não compreendida totalmente, sendo estes incapazes de dar consentimento, ou para a qual não estão preparados devido ao seu estágio desenvolvimental. Acrescenta-se o fato de que a VS viola leis ou tabus da sociedade
(WHO & ISPCAN, 2006)
Todo e qualquer ato ou jogo sexual, seja ele em uma relação heterossexual ou homossexual, no qual os perpetradores estão em estágio de desenvolvimento psicossexual mais adiantado que a criança ou o adolescente, sendo estes indivíduos abaixo de 18 anos
(Ministério da Saúde, 2002)

O que é VS?
a) Com contato físico
                - Sem penetração – toques, carícias, intercurso interfomural, sexo oral
                - Com penetração – digital, objetos, genital, nanl
b) Sem contato físico
                - assédio verbal, exibicionismo, voyeurismo
c) Exploração Sexual

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
§ Estudos de meta-análise internacionais
§ Populações não clínicas

Pereda, Guilera, Forns, e Gómez-Benito, 2009
Stoltenborgh, van IJzendoorn, Euser, e Bakermans-Kranenburg,
2011                                                                                                   
Número de estudos
63
217                                                                   
Países
22
Maioria EUA e Canadá
Norte e sul americanos, europeus, asiáticos,
africanos e australianos                                  
                 
Período
Até 1997
1980-2008                                                        
Número de participantes
101.022
9.911.748
Prevalência
7,9% meninos
19,7% meninas

7,6% meninos
18% meninas                                                   
Local maior prevalência
Continente africano
Austrália ƒ                                                     
Continente africano
Local menor prevalência
Continente europeu

Continente asiático

               
No Brasil os dados demonstram o seguinte:
Relatórios Disque Direitos Humanos (Disque 100)
·         Maio 2003 a março de 2010 - 214.689 vítimas com sexo informado
                Notificações de VS, negligência, violência física e psicológica
                               - VS
                               Meninos 38% - meninas 62%
§  Janeiro e fevereiro de 2011 – 11.077 notificações
Notificações de VS, negligência, violência física e psicológica
               - VS
               Meninos 22% - meninas 78%

DINÂMICA
§ Um modo sistemático de descrever padrões
§ Aspectos, “forças” físicas, temporais, psicológicas, interpessoais, familiares e sociais que produzem e impactam, ou que iniciam e mantém, a violência sexual
(Spiegel, 2003)  
§ Cinco fases (Sgroi et al., 1982)
§ Síndrome de acomodação (Summit, 1983)
§ Quatro dinâmicas traumagênicas (Finkelhor & Browne, 1985)
§ Rituais de entrada e de saída, síndromes de adição e de segredo (Furniss, 1991) § SAM Model (Spiegel, 2003)
QUADRO DINÂMICA VS




    

CONSEQUÊNCIAS

§ Violência sexual = estressor generalizado

§ Não há síndrome decorrente
§ Propensão das vítimas
(Williams, 2002)
§ Vítimas masculinas e femininas
§ Sem diferenças
(Hillberg, Hamilton-Giachritsis, & Dixon, 2011)
§ Com diferenças
§ Sintomas internalizantes e externalziantes
(Romano & De Luca, 2001)
Somente estudos internacionais 



          Físicas         
Emocionais
Cognitivas
Comportamentais
Lesão corporal      
Ansiedade 

Autoimagem pobre/Baixa autoestima 
Agressividade 
Mutilações            
Culpa

Confusão quanto à identidade de gênero e orientação sexual 
Baixo rendimento escolar 

Fissura e
 dilaceração
 anal/genital
Medo 

Dificuldade de aprendizagem
Comportamento autodestrutivo 
DST´s                     
 Raiva

Dissociação
Comportamento externalizante (e.g., crueldade, delinquência, agressão)


 Tristeza

Paranoia 
Comportamento regressivo (e.g., enurese)



Pensamentos obsessivos
Fugas de casa




Pesadelos
Ideação e conduta suicida 




Sintomas psicóticos 
Problemas interpessoais 


CONSEQUÊNCIAS AINDA

Psicopatologias
Transtorno de Estresse Pós-Traumático
Transtornos de Ansiedade
Transtornos de Humor
Transtornos Alimentares
Transtornos Somatoformes
Transtornos Relacionados a Substâncias
Transtorno de Personalidade Antissocial
Transtorno de Personalidade Borderline

 

O palestrante analisou também fatores mediadores do impacto relacionados às vítimas, aos agressores, à violência sexual e à rede de apoio
ATUAÇÃO PROFISSIONAL NOS CASOS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

§  Criança adolescente
§     Formação de vínculo                           
§     Empatia, estrutura e confiança 
§     Notificação            
§     CT, Disque 100      
§     Obtenção do relato               
§     Protocolo específico 
§     Perguntas não-sugestionáveis           
§     Avaliação da situação atual              
§ Proteção contra revitimização, rede de apoio social e afetivo (principalmente cuidador/a não- abusivo), presença de outras formas de violência ou violação de direitos                 
§ Avaliação de sintomas, potencialidades e aspectos saudáveis           
§ TEPT, humor, ansiedade, TDO, TC, TDAH, alimentares, abuso de substâncias, comportamentos  sexuais de risco, suicídio

§ Encaminhamentos     
§ Avaliação médica, psicossocial, psicoterapia, programas sociais, esporte, lazer, escola, etc.  (Hohendorff & Habigzang, 2014)
§ Rede de apoio social e afetivo                 
§ Cuidador(a) não-abusivo(a) e demais familiares ou pessoas significativas      
§ Escola
§ Outros serviços da rede  (Hohendorff & Habigzang, 2014)


CONFIRMAÇÃO DA VIOLÊNCIA SEXUAL
1)      Verbalizar que acredita no relato;
2)      Não prometer sigilo: a) explicar a necessidade de notificação; b) acompanhar caso após notificação;
3)      Desculpabilizar;
4)      Agradecer confiança;
5)      Esclarecer dúvidas;
6)      Verificar como se sente;
7)      Abordar tópico neutro.



 Psicóloga Ana Carolina Svirski da EESCA

A psicóloga Ana Carolina participou da reunião acrescentando os dados relativos ao atendimento da EESCA-Partenon/Lomba. Neste serviço são atendidos os casos encaminhados pelo CRAI e que chegam até setor (observou que não se tem dados dos números que são encaminhados pelo CRAI e não buscam o atendimento). Neste ano chegaram 42 casos, sendo 80% meninas e 20% meninos. 

Jean deixou o seu contato:
Jean Von Hohendorff
jhohendorff@gmail.com

No debate foi enfatizado a importância da atuação da rede de proteção da criança e do adolescente e do Conselho Tutelar. Importante a participação nas reuniões das microrredes.
Acesse o link AGENDA DE REUNIÕES no blog da Rede Partenon: http://redepartenon.blogspot.com.br/


COMUNICADOS:
Instituto Frei pacífico informa que as matrículas para 2015 estão abertas – fone: 3223 4365

MDCA (Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente) Convida para Seminário DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR
Data: 26/11/2014             hora: 13h30min às 17h
Local: Palácio do Ministério Público – Pça. Mal. Deodoro, 110, Esq. Jerônimo Coelho
Apoio: CAO _ Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude -  MP/RS
Inscrições: e-mail gerapaz@mdca.org.br (ou no local, às 13h30min)

Informações: fone 3339 7274

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